O REINO VEGETAL BOTANOGENIA
Para este pequeno
estudo tomamos a decisão de ocupar-nos
somente das teorias tradicionais
correspondentes à botânica oculta e por isso deixamos de lado os princípios fundamentais
da botânica oficial,
razão por que começaremos proporcionando ao leitor aqueles conhecimentos que reputamos verdadeiramente autênticos. Antes de mais nada, recorreremos a um dos monumentos
mais antigos que possuímos: o Sepher Bereschit de Moisés, o qual nos esclarecerá a respeito dos iniciados da raça vermelha e da raça negra. No primeiro capítulo, versículo segundo, expressa-se ele da seguinte
forma:
"Prosseguindo na declaração de sua vontade, disse o Senhor dos senhores:
A Terra fará brotar uma erva vegeta-tiva e, produzindo um germe inato, uma substância frutuosa, dará seu próprio fruto, segundo sua espécie, e possuirá em si mesma seu
poder germinativo;
e assim foi feito."
Isto coincide
exatamente com o terceiro
dia da criação, segundo a ordem que a seguir será transcrita:
FOGO (1 .o dia) : Criação da luz.
ÁGUA, AR (2.° dia) : Fermentação das águas e sua divisão.
TERRA (3.° dia) : Formação
da terra; sua vegetabi-lidade.
FOGO (4.o dia) :
Formação do sol.
ÁGUA, AR (5.° dia) : Fermentação das águas e do ar; pássaros
e peixes. TERRA (6.° dia) : Fermentação da terra; homens e animais.
Considerando o "Génese" em conjunto, o rabino iniciado
nos ensinará que, sob o ponto de vista cosmogô-nico, a figura de Isaac representa
o reino vegetal. Seu sacrifício
(por pouco não consumado), sua filiação, o nome dos seus pais e de seus filhos, os atos de sua vida simbólica fornecem todas as provas necessárias que corroboram esta afirmação.
Com o fito de não cansar nossos leitores com um sim-bolismo demasiado árduo, abster-nos- emos de todo pormenor e entraremos
de cheio na decifração das teorias herméticas, cujo estudo pode levar-nos a feliz resultado.
TEORIAS HERMÉTICAS
- Na origem primordial
das coisas, os filósofos
concebiam um caos no qual estavam prefiguradas as formas de todo o Universo;
uma matriz ou matéria cósmica e, por outro lado, urçi fogo gerador em que a ação recíproca constituía
a mônada, a pedra de vida ou Mercúrio: meio e fim de todas as forças.
Este fogo é ardente, seco, macho, puro, forte; é o espírito de Deus levado sobre as águas, a cabeça do dragão, o Enxofre.
Este Caos é uma água espermática, cálida, fêmea, úmida, lodosa, impura: o Mercúrio dos alquimistas.
A ação destes dois princípios, no Céu, constitui o bom princípio:*
luz, o calor, a geração das
coisas.
A ação destes dois princípios sobre a Terra constitui
o mau princípio:
a obscuridade, o frio, putrefação ou a morte.
Sobre a Terra o fogo puro se converte
em grande Limbo o yliáster,
o misterium
magnum de Paracelso; isto
é, uma terra vã e confusa,
uma lua, com água mercurial, o Tohu v'bohou
de Moisés. Finalmente, a água pura e celeste
passa a ser uma matriz, terrestre, fria e seca, passiva: o Sal dos alquimistas.
Desta maneira vemos como na Natureza
todas as coisas passam por três idades. Seu começo ou nascimento surge na presença
de seus princípios criadores. Este duplo contato produz uma luz, depois vêm as trevas e uma matéria confusa e mista: é a fermentação.
Esta fermentação
termina com uma decomposição geral ou putrefação, depois do que as moléculas da matéria em ação começam a coordenar-se, segundo a sutilídade
da mesma: é a sublimação, é a vida
que se manifesta.
Finalmente,
chega o momento em que este último trabalho cessa: é a terceira
idade. Então se estabelece a separação
entre o sutil e o rude; o primeiro se eleva ao céu; o segundo permanece
na terra; o restante permanece
nas regiões aéreas. É o último término, a morte.
Conseguimos registrar o transcurso
das quatro modalidades da substância universal chamadas Elementos; o fogo, a terra e a água reconhecemo-los facilmente e podemos coordenar todas estas noções,
estabelecendo um quadro de analogia
que podemos ler mediante o triângulo
pitagórico. Este processo é seguido na índia (sistema
Sankya) e na Cabala (Tarot e Sefiroth).
Eis aqui os princípios atuantes nos três mundos, segundo a terminologia hermética:
No primeiro
mundo, o Espírito de Deus, o Fogo incri-ado, fecunda a água sutil, caótica, que é a luz criada ou a alma dos
corpos.
No segundo mundo, essa água caótica,
que é ígnea e contém o enxofre de vida, fecunda a água intermédia, este vapor viscoso, úmido e gorduroso, que é o espírito dos corpos.
No terceiro
mundo, esse espírito, que é fogo elemental,
fecunda o éter ígneo, que se chama também água espessa, lodo, terra andrógina, primeiro sólido e misto fecundado.
Assim, cada criatura terrestre
é formada pela ação de três grandes séries de forças: umas provêm do céu empírico;
outras, chegam do céu zodiacal;e as últimas, do planeta ao qual
a respectiva criatura pertence.
Do céu
empírico vêm
a Anima Mundi, o Spiritus
Mun-di
e a Matéria Mundi, vapor viscoso,
semente universal e incriada.
Do céu zodiacal vêm o enxofre de vida, o mercúrio intelectual
ou éter de vida e o sal de vida ou água-princípio, semente criada e matéria segunda dos corpos.
Do planeta vêm o fogo elemental, o ar elemental (veículo
de vida) e a água elemental (receptáculo de sementes e semente inata dos corpos).
ADVENTO
DO REINO VEGETAL
Para que o reino vegetal possa manifestar-se sobre um planeta, é preciso,
antes de tudo, que este tenha evoluído até poder — depois de ter cristalizado seus átomos em terra sólida — água e uma atmosfera, conforme vem indicado no relato de Moisés. Então desce uma onda de vida nova, que é o veículo da primeira animação sobre o planeta: ela é, portanto,
o símbolo da beleza e é por isso que o reino vegetal corresponde a Vênus e tem por signo representativo a Espiral. Eis aqui por que a filotaxia pode servir-nos para medir o grau de força vital de cada planta.
Esta vida vegetal
resulta da ação recíproca da luz solar e da avidez do enxofre interior;
nenhuma árvore pode crescer sem a força do sol, que é atraída pelo princípio essencial daquela.
Eis aqui como o autor anônimo de Lumière d'Egypte explica a evolução
do mineral para o vegetal:
"O hidrogênio
e o oxigênio combinados em água se polarizam e formam uma substância
que é o pólo oposto de seu estado inflamável primitivo.
"O calor do sol decompõe de novo uma porção infinitamente pequena das águas; os átomos de dita molécula de água iniciam então um movimento diferencial, que é o da espiral. Nesta ascensão, atraem os átomos de ácido carbôni-co e são atraídos,
por sua vez, por eles, donde se deriva um terceiro movimento: uma rotação precipitada. Com novas combinações, forma-se então um germe de vida física. Sob o impulso de um átomo central de fogo, sendo as forças predominantes do oxigênio e do carbono,
esta união produz outra mudança da polarização, devido
à qual esses átomos são atraídos em direção
à terra. A água recebe-os e desta maneira
se forma a primeira
céspede vegetativa. Quando estas primeiras formas de vegetação morrem, os átomos empreendem novamente sua marcha em espiral ascendente,
sentem-se atraídos pelos átomos do ar
e,
pelo mesmo processo de polarização, chegam a formar os líquenes
e as plantas cada vez mais perfeitas.
"A essência
espirituosa do sol — que penetrou
até o centro da terra pela atração de cada Misto e por coagulação — gerou um fogo aquoso e, em seu desejo ardente de
retornar à sua origem, ficou retida ao elevar-se entre as matrizes das espécies mais diversas. E, possuindo cada uma destas matrizes uma virtude particular para a sua espécie, numa se determina por uma criação e em outra, por outra, gerando sempre novas criações à sua semelhança. Quando esta essência espirituosa se subtiliza de maneira suficiente, a mesma penetra na superfície
da terra e ativa o poder germinativo das sementes".
A mesma teoria se acha exposta de maneira mais concisa no tratado cabalístico intitulado Les Cinquante Portes de rintelligence. A enumeração
das portas da Década dos Mistos é interpretada conforme se segue:
1.° — Aplicação
dos minerais pela disjuntiva da terra.
2.o — Flores
e seivas dispostas
para a geração
dos metais.
3.o — Mares, lagos, flores, secreções
entre os alvéolos.
4.o — Produção
das ervas e das árvores.
5.o — Forças e sementes dadas a cada um deles, etc.
Para concluir esta rápida exposição,
daremos a conhecer
a teoria de Jacobo Boehme, com a qual se descobre uma
perfeita identificação com as duas teorias anteriores.
Criados no terceiro
dia pelo Fiat de Marte — que é a amargura, fonte do movimento — os vegetais
nascem do raio de fogo nessa amargura.
Quando Deus separou a matriz universal
e sua forma ígnea e ao querer manifestar-se no mundo exterior e sensível,
o Fiat que saiu do Pai, com sua vontade, deu força à propriedade aquosa do enxofre da primeira matéria; e já se sabe que a Água, como elemento, é uma matriz atrativa.
Portanto, chegamos a um perfeito entendimento entre todas as teorias expostas.
Antes da Queda, os vegetais estavam unidos ao elemento interior paradisíaco; com a Queda, a santidade fugiu da raiz e permaneceu aderida aos elementos terrestres; conforme se verá mais adiante, somente as flores representam
o verdadeiro paraíso.
CONSTITUIÇÃO ESTÁTICA DA PLANTA - Antes de traçar um esboço da fisiologia
vegetal, convém anotar os princípios em ação que existem no reino que nos ocupa, de modo que nos seja possível conhecer com simplicidade seu complicado
funcionamento.
Se estudarmos
os vegetais sob o ponto de vista de sua constituição, reconheceremos neles cinco princípios:
1.° —Uma matéria, formada por Água vegetativa.
2 .° — Uma alma, formada por Ar sensitivo.
3.o — Uma forma, composta
de Fogo concupiscível.
4.o — Uma matriz, ou Terra intelectiva.
5.° — Uma Essência universal e primitiva ou Misto memorável, formada pelos quatro elementos que determina as quatro fases do movimento: a fermentação, a putrefação,
a formação e o crescimento.
Se os estudamos sob o ponto de vista gerativo,
encontraremos sete forças em ação:
1.a — Uma matéria ou paciente, formada de luzes e trevas,
água caótica e vegetativa; eis aqui as
Derses de Paracelso, exalação oculta da terra, em virtude da qual a planta cresce.
2.a — Uma forma, princípio
ativo ou fogo.
3.a - Um vínculo entre os dois precedentes.
4.a — Um movimento,
resultado da ação da gente sobre o paciente.
Este movimento,
que se propaga pelos quatro elementos, determina as quatro fases anteriormente citadas a propósito
do Misto memorável.
Todo este trabalho, em sua maior parte preparatório e oculto, dá como resultados
visíveis:
5.a — A alma do vegetal,
ou semente corporificada, o clissus de Paracelso,
poder específico e força vital.
6.a — O espírito
ou Misto organizado, o leffas de Paracelso,
ou corpo astral da planta.
7.a — O corpo da planta.
Para se lograr uma ideia mais ampla possível
destas duas classificações, será
suficiente
estudar as analogias
que se
depreendem do simbolismo
na mitologia
grega, que
é
assaz expressivo, e com o qual ofereceremos vasta matéria à meditação.
FISIOLOGIA VEGETAL
ANATOMIA —
Nada mais simples do que a estrutura da planta. As partes anatômicas se reduzem a três e são elas, precisamente, as que, individualizando-se, formam todos os órgãos.
I.o — A massa geral da planta é formada pelo tecido celular, que pode ser classificado como órgão digestivo da mesma. (Raiz: individualização dos tecidos celulares; intestino da planta: semente; Embrião.)
2.° — Os intervalos entre as células ordinariamente
hexagonais formam os canais que se estendem por toda a planta e conduzem a seiva com a qual a mesma se nutre. Estes canais ou condutos
intercelulares são, portanto, para as plantas o que os vasos sanguíneos
e as veias são para os animais.
(Caule: individualização das veias; sistema sanguíneo da planta; invólucro: órgão fêmea.)
3.o — No tecido celular da maioria das plantas, existem outros canais que são formados por uma fibra contornada em espiral que conduz o ar por toda a planta. Estes canais, ou vasos em espiral,
são para a planta o que as traquéias
são para os animais. E é assim que são chamados: traquéias
das plantas. (Folhas: individualização das
traquéias, pulmões da planta).
Deste primeiro bosquejo,
passemos agora ao das relações que existem no funcionamento entre os citados órgãos.
O desenvolvimento embrionário da planta compreende as seguintes fases. 1.° — Localização
da semente numa matriz propícia: terra úmida.
2.° — As três partes do germe começam
a vegetar, alimentando-se dos cotilédones.
3.0 — A raiz começa a absorver as substâncias nutritivas da terra. A planta se individualiza em suas funções respiratórias e digestivas. Em resumo: nasceu.
Vejamos como o Dr. Encause resume a fisiologia vegetal:
1.° —Submergindo na Terra, a raiz: estômago
da planta; vai à procura da matéria alimentícia.
2.° — As Folhas, buscando vida no Ar livre ou dentro da Agua: pulmões da planta.
Buscam também
a luz e os gases necessários à renovação
da força que deve proporcionar virtudes à matéria interior dos tecidos.
Dita força se desenvolve por meio da clorofila (sangue verde), canais de interposição.
3.° — O Caule: aparelho
circulatório, cujos vasos contêm: I.o — A seiva ascendente parecida com o quilo (substância
branca, o mais sutil dos alimentos).
2.o — O ar absorvido pelas folhas.
3.o — O resultado da ação do ar sobre a
seiva nutritiva ou seja a seiva ascendente.
4.o — As Flores: resultado da força supérflua;
lugar dos aparelhos de reprodução.
Agora vamos estudar estas funções mais pormenorizadamente; do seu conhecimento depende, efetivamente, toda a arte da farmacopéia
hermética, como se poderá avaliar na segunda parte do nosso estudo.
O grão ou
semente se compõe das seguintes partes:
1.o —O germe, que por sua vez é formado por: a pequena raiz (futuros órgãos abdominais); o broto ou
ver-gôntea (futuros órgãos respiratórios); o pequeno caule (futuros órgãos circulatórios, centro geral de evolução). Tudo isto análogo aos três desenvolvimentos do embrião humano.
2.° - Os cotilédones: materiais destinados à nutrição do germe. (Órgãos análogos à placenta.)
Contendo em si a árvore em todo o seu poder de crescimento, cada grão encerra um Misterium Magnum; por conseguinte, no desenvolvimento do grão ou semente encontraremos a imagem invertida
da criação do mundo.
A árvore
começa a manifestar-se desde o momento
em que o grão foi submergido em sua matriz natural, a terra.
Contudo,
por si só a terra não é mais do que uma matriz passiva; portanto, não pode desenvolver a fagulha vital ou iluminar
o Ens da semente a fim de que os três princípios 5a/, Enxofre e Mercúrio
se manifestem
nela.
A luz e o calor do sol são necessários para que isto aconteça; somente por meio deles se animará o fogo frio subterrâneo. Então o grão,
levado pela força deste desenvolvimento, passa por sua ulterior evolução.
No capítulo seguinte, ao falar do cultivo, examinaremos o que acontece quando a matriz não corresponde ao grão que lhe é confiado.
CRESCIMENTO
DO GRÃO. - Portanto,
já estamos compreendendo três Ens, três
dinamismos em reação
mútua, abrangendo cada um sua trindade de princípios
— Sal, Enxofre e Mercúrio:
o Ens da
terra, o Ens do grão e o Ens do sol. O primeiro
e o último Ens exigem, por efeito de uma tração magnética, o desenvolvimento do germe nos sentidos opostos; donde resultam a raiz e o caule que, conforme é sabido, exercerão na vida da planta funções de analogia contrária.
Da harmonia
resultante destes três Ens, depende o perfeito
estado do caule (liso, esverdeado, ou nodoso e negro) e das raízes (múltiplas e robustas
ou secas e delgadas).
CRESCIMENTO
DA RAIZ. - Do ponto de vista dos três princípios, é sabido que a vida e a sensibilidade (magnética) residem no Mercúrio. O Mercúrio subterrâneo dos minerais, quase sempre venenoso e carregado
de impurezas, encontra-se literalmente no inferno, quer dizer: para a sua própria atividade não encontra outro alimento nem outro objeto do que a si mesmo.
Por conseguinte, é só uma vibração solar chegar a ele, que a torna sua, absorve-a
totalmente dentro do seu corpo o sal e o enxofre, ambos intimamente unidos à sua essência.
Então a terra se abre; seus átomos obtêm uma liberdade relativa e o corpo plástico, o Sal, que permanecia
num entorpecimento saturnino, torna-se suscetível de atração e vê-se,
efetivamente, atraído pelos Ens do germe, em seus elementos homogêneos.
CRESCIMENTO
DO CAULE. - Em geral, em sua parte mais baixa, o caule é branco; até a metade é escuro e na sua
parte mais alta é verde.
O
branco indica a tendência no sentido da
expansão subitamente libertada das potências
construtivas da raiz; a cor escura significa
uma expressão saturnina, resultado da maldição divina; o córtice é a parte do vegetal que se acha no limbo.
Porque, se o Grande Mistério está representado também nas árvores, o
reino vegetal foi alcançado,
como toda a Criação, pelo pecado de Adão; mas, na beleza das flores e na doce maturação
dos frutos, descobrem-se, ainda mais do que em outras criaturas, os esplendores do Paraíso.
Finalmente, a cor verde representa
o sinal da vida mer-curial, que serpenteia no Júpiter e na
Vênus das ramagens.
A ÁRVORE. — Sem dúvida alguma, a árvore constitui o tipo mais perfeito de todos os seres vegetais;
nela encontramos as influências das estrelas, dos elementos, do Spiritus Mundi e o Misterium Magnum, que é por si mesmo Fogo e Luz, Ódio e Amor, como verbo pronunciado pelo Pai Eterno.
PRODUÇÃO DOS NÓS. - O arbusto cresce devido à emulação mútua dos dois Ens, do sol exterior e do sol interior,
que cumpre com sua missão até o fim natural, que consiste
na produção de um Iíquido doce que proporciona a flor, os elementos
de sua forma elegante e de suas belas cores.
É sabido que as sete formas da Natureza
exterior exercem na planta sua influência
na seguinte ordem: Júpiter, Vênus
e a Lua cooperam de
um
modo natural na ação expansiva de seu sol interior; Marte, porém, exagera dita expansão,
de vez que este não é outra
coisa senão o espírito ígneo do Enxofre, a vida mercurial
se junta diante dele e Saturno chega à congelação e à corporificação deste turbilhão;
é assim que se produzem os nós.
PRODUÇÃO DOS GALHOS. - Os galhos são o resultado
da batalha travada
pelas forças
naturais em pleno movimento, quando desejavam conservar a comunicação com o sol exterior.
São, por assim dizer, as gesticulações da planta que se sente oprimida e que quer viver em liberdade
e por sua vontade própria. Do mesmo modo que no homem a força vital faz sair os venenos interiores sob a forma de furúnculos, assim o calor vital da árvore obriga-a
a produzir brotos e ramificações, principalmente quando o chamamento
do Ens exterior é o mais poderoso, como acontece na primavera.
Em outros termos, o desejo da vida mercurial ou o Sal, encerrado em Saturno,
luta desesperadamente, aquece-se e converte-se em Enxofre; este Enxofre dá um novo impulso a seu filho, o Mercúrio; este mostra tendência a expandir-se; e Vênus fornece a substância plástica dos brotos e dos galhos.
A FLOR. — O Sol domina aos poucos os excessos de Marte; a planta vai diminuindo de amargor; Júpiter e Vênus esgotam sua atividade e fundem-se na matriz da Lua; os dois Ens se unem, de modo que o Sol interior,
a força vital da planta, recobra seu estado primitivo,
passa ao estado de Enxofre e reintegra o regime da liberdade divina.
O PARAÍSO DA PLANTA. - Neste mesmo regime, as sete formas se entrecruzam interiormente e para cima e entram em jogo em perfeita harmonia. A imagem da Eternidade
se forma no tempo; o Enxofre da planta passa novamente
para o estado latente e o Sal se transmuta;
o reino do Filho se inaugura
com uma alegria paradisíaca, que se desprende
com o perfume; do mesmo modo que do corpo dos santos se desprende um odor peculiar; é o que Paracelso chama de Tintura.
O GRÃO. — Mas, por causa do pecado de Adão, este paraíso cessa muito de repente e entra de novo na obscuridade
do grão ou semente, onde os dois sóis vêm ocultar-se.
O FRUTO. — Constitui
o espírito escondido
dos elementos que atuam durante a frutificação. Os frutos possuem uma qualidade boa e outra má, que herdaram de Lúcifer. Não se encontram, portanto, inteiramente sob o regime da Cólera, porque o Verbo único, que é em tudo e por tudo imortal e imarcescível até dentro da putrefação subterrânea da semente, reverdesce neles; é que o Verbo opõe resistência à terra e a terra não acolheu o Verbo.
Devido a este processo, podemos admitir o triunfo do regime do Amor na Planta, ou seja, chegamos
à sua floração.
O Ens, tão logo se haja manifestado, corre para o seu lugar, agrega em si imediatamente uma grande quantidade de elementos plásticos; ou melhor, Luas que ao calor do Sol externo transforma em Vênus; desta maneira a polpa ou carne do fruto se desenvolve
ao redor de um centro, que é filho do Sol interno.
Os sete planetas
encontram-se novamente no fruto e são eles que determinam
seu sabor e aroma, esperando
que Saturno venha fazê-lo cair sobre a terra donde se ergueu um dia.
MADUREZ.
— A qualificação de maduros dada aos frutos a fim de significar
um ponto álgido de perfeição, um período em que seu sumo se torna açucarado, não está bem expressada
com este nome, que indica o contrário,
seu estado de agonia.
A madurez é o resultado de uma espécie de vertigem que o Sol causa ao princípio paternal do Enxofre e que o precipita
da vida eterna para a vida temporal.
De tudo isto poderemos, agora, deduzir
as indicações necessárias para efetuar o correspondente estudo sobre o sentido dos diversos
sabores que os frutos possuem.
RESUMO. — Apresentamos este rápido bosquejo, servindo-nos intencionalmente de todas as nomenclaturas. Agora o continuaremos, preenchendo algumas poucas linhas dedicadas ao mesmo, empregando, porém, para elas a teoria budista naturalista ou jônica, conforme a seguir:
O mundo pode ser considerado criado como resultado das interações de três forças distintas: a expansão, a luz ou doçura (o Abel de Moisés);
a contração, obscuridade
ou aspereza (Caim) e a rotação, angústia ou amargura (Set). Estas três forças encontrá-las-emos no reino vegetal.
Consideremos o germe introduzido na terra. A doçura foge da obscuridade e da angústia
que a perseguem;
daí é que provém o crescimento da planta.
Com o calor do sol, a luta das três forças se torna mais encarniçada; a contração
e a rotação se exaltam duplamente, provocando a expansão;
daí a origem do córtice, dos nós raros e rugosos das árvores e plantas.
Mas a expansão, tão logo os seus adversários cessam de atacar, não a deixam um momento livre, estende-se
com avidez por todas as partes. Então quando saem os galhos, se inicia a cor verde dos brotos e a planta se abandona
às forças vivificantes do sol, que a levam até o capulho e a flor, que é a sua perfeição.
Dos diversos
órgãos a contração
faz um todo homogêneo e a angústia as divide em partes, as quais cooperam conjuntamente já que, oriundas de baixo, vêem-se obrigadas a
obedecer à força solar que chega até elas vinda de cima; desta maneira se forma o fruto que vai desenvolvendo-se até que a energia expansiva se esbanjou totalmente; momento em que o fruto está disposto a cair para dar expansão e nascimento
a um novo circulus
vital.
O OD DA PLANTA. - Desde o descobrimento de Rei-chenbach, tem-se como certo que na Natureza toda coisa desprende
uma espécie de exalação invisível
nas condições ordinárias, mas visível para os sensitivos. Esta radiação varia em cor, intensidade
e qualidade.
A parte extrema superior das plantas é sempre positiva e a parte baixa ou inferior,
negativa, seja qual for o fragmento da planta apresentando o exame do sensitivo.
Os frutos são positivos e
os tubérculos, negativos.
O lado da flor, de qualquer
fruto, é positivo;
o lado do pedúnculo
é negativo.
Estas observações foram utilizadas até à atualidade pelos sucessores do conde Mattei para as práticas da Eletro-Homeopatia, porém eu, particularmente, não posso chegar a crer que
essa polarização seja de uma grande profundidade.
A
ALMA DA PLANTA.— Fomos buscar num livro, por certo muito notável, original de E. Boscowitz, os testemunhos de alguns sábios
que atribuem à planta uma vida e uma sensibilidade parecidas
às
das pessoas. Sem aludir
às doutrinas bramânicas, budistas, taoístas,
egípcias, platônicas
ou pitago-rianas — todas elas mais ou menos profundamente penetradas do espírito dos vegetais — teremos
que lembrar que filósofos como Demócrito, Anaxágoras e Empédocles
sustentaram dita tese. Em época mais recente, Percival quer demonstrar que os movimentos das raízes são voluntários; Vrolik, Hedmig, Bonnet, Ludwig e F. Ed. Smith afirmam que a planta é suscetível
das sensações diversas até o ponto de garantir
que é capaz de conhecer a felicidade; Erasmo Darmin, em sua obra Jardim Botânico, diz que a planta tem alma; todas as obras de Von Martius procuram
demonstrar o mesmo e, finalmente,
Teodoro Fechner escreveu um livro intitulado Nanna oder Ueber das Seelenleber der Pflanzen, na qual se prova ou se quer provar tudo o que foi dito acima.
Eis aqui os caracteres de analogia que as plantas apresentam com relação aos seres dotados de
personalidade:
Nelas a respiração se efetua por meio das traquéias de Malpighi,
formadas de uma cinta celular enrolada em espiral e dotadas de contração e de expansão.
O ar é indispensável para a sua vida (segundo
as experiências de Calandrini, Duhamel e Papin) e exerce sobre a seiva uma ação análoga
àquela exercida sobre nosso sangue (Bertholon).
O lado inferior das folhas está cheio de pequenas bocas estomáticas, órgãos de dita respiração. (Experiências de Ingenhous,
de Hales, de Teodoro De Saussure, de Mohl e Garreau.)
Recebem o oxigênio do ar e dele se apropriam e exalam, em contrapartida, o ácido carbônico
(Garreau e Hugo von Mohl, Sachs).
Nutrem-se
do carbono, que extraem do ácido carbônico e durante o dia exalam, por conseguinte, uma grande quantidade de oxigênio.
Suas raízes servem-lhes de estômago bem como as folhas; a seiva é análoga ao quilo.
A nutrição das plantas é uma função tão ativa, que Bradley calculou que uma azinheira,
ao fim de cem anos, absorve 280 000 kg de alimentos.
Se a circulação da seiva não é ainda um fato provado
de maneira categórica, ao menos se sabe que as plantas têm a qualidade da transpiração, a qual se exerce com força extraordinária.
Ademais,
como é que explicamos
os movimentos das plantas em busca da luz, do sol, dos elementos de nutrição, de um terreno propício à sua vida, que a cada passo observamos?
Como explicamos
sua potência amorosa, o calor, a eletricidade que desprendem no instante de sua fecundação?
Donde vêm, finalmente,
as propriedades maravilhosas da flor de ressurreição e da Roda de Jericó?
O iniciado tem podido comprovar todos estes fenômenos e admirar uma vez mais a sabedoria de seus prodecessores bem como a penetrante
intuição do povo que deu a cada árvore sua Hamadríada, a cada flor sua fada, e cada erva seu gênio. As observações científicas, das
quais acabamos
de fazer um ligeiro resumo, não nos ensinam, magnificamente e com toda clareza, os movimentos
sombrios da alma dos elementos que se esforçam rumo à consciência?
PLANTAS
E ANIMAIS. - Bonnet, de Genebra, homem de muito talento, consagra a décima parte da totalidade
de suas obras à comparação paralelística das plantas e dos animais.
Ele expressa da maneira seguinte o resultado
de suas numerosas experiências comparativas:
"A
Natureza desce gradativamente do homem ao polvo, do polvo à sensitiva, da sensitita à túbera. As espécies superiores sempre apresentam alguma coisa do caráter das espécies
inferiores e estas, algo também das espécies
inferiores. A matéria organizada
recebeu um número quase infinito de modificações diversas e todas estão intimamente ligadas em graduação
como as cores do prisma. Marcamos
pontos sobre as imagens, traçamos logo as linhas e a esta tarefa damos o nome de classificar e assinalar
gêneros. Desta maneira não nos apercebemos mais do que dos tons dominantes, mas os matizes mais delicados escapam à nossa observação."
"As plantas e os animais não são, portanto, outra coisa senão modificações da matéria organizada. Todos participam
de uma mesma essência e o atributo distintivo nos é desconhecido."
A planta vegeta, nutre-se, cresce e multiplica-se; mas os
grãos vegetais são muito mais numerosos
do que os ovos ou os óvulos fecundados nos animais, exceto das espécies inferiores.
Pela mesma razão, um indivíduo
produz muito mais renovos no primeiro reino do que embriões no segundo.
Em uns o
alimento é absorvido
pelas superfícies porosas;
noutros, por uma única boca; a absorção
pelas raízes inferiores
é incessante; nos animais desenvolvidos se produz por intervalos e por raízes inferiores
(vasos quilíferos).
Em sua maioria as plantas são hermafroditas.
Finalmente, as plantas são imóveis, com exceção do movimento
das folhas e de algumas flores em direção ao sol; os animais
são móveis.
CONCLUSÃO
GERAL. - Deste rápido estudo se deduz que o movimento geral da vida terrestre,
no que se refere aos três citados reinos inferiores,
aparece como o esforço gigantesco
de um Poder organizado (a Natureza física) no sentido do livre arbítrio, passando da imobilidade característica do reino mineral, pela individualização (vegetais), até o movimento espontâneo
(animais).
É o que expressam de
maneira clara os quatro
esquemas seguintes, os quais permitem
considerar cada reino como um meio em que os átomos se acham numa fase particular
do movimento: primeiramente, em estado de repouso ou passivo, depois em estado de equilíbrio, mais tarde em estado de turbilhão e, finalmente, em estado de resolução.
Os quinto, sexto e sétimo estados representam os reinos (para nós espirituais) superiores à evolução atual do gênero humano.
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