O pentagrama é basicamente uma figura geométrica plana em
forma de estrela com cinco pontas. O traço único de seu desenho indica uma
linha contínua, sem início ou fim e se a estendêssemos sobre uma mesa, como a
um barbante, poderíamos formar um círculo. É conhecido por diversos nomes
dentro das diversas tradições mágickas, ocultistas e espirituais existentes:
Símbolo de Baphomet, Adam Belial, Pentagrama, Estrela Flamejante, Bode de
Mendes, Bode Preto e muitos outros. O ocultismo ocidental da “falsa luz” o interpreta
basicamente de duas maneiras. O desenho do pentagrama com uma das pontas
voltada para cima simbolizaria o Espírito dominando os quatro elementos. Já o
desenho com uma das pontas voltadas para baixo representaria o Espírito
dominado pelos elementos mais grosseiros de sua própria constituição. Um
pentagrama invertido representaria ainda a negação de alguma “trindade sagrada”
segundo famosos escritores satanistas, muito embora não vejamos nenhuma
relevância em trindades de religiões e correntes espirituais obscuras,
controversas e torpes como as cristãs, por exemplo, que precisem ser negadas
necessariamente. O pentagrama simboliza o microcosmo (pequeno mundo) e o
microprósopo (pequena face) que, segundo o simbolismo qabalístico e alquímico,
são a imagem e a semelhança do macrocosmo (universo ou grande mundo) e do
macroprósopo (grande face). A interpretação para essa sentença deve ser
estruturada sob a luz da qabalah, ao invés do engodo infeliz das associações
“espirituais” da ignorância. O Homem possui em si, de maneira proporcional,
todos os elementos do universo, sendo ele mesmo um universo único que pode ser
comparado ao Grande Universo Ilimitado. Ao Homem cabe a tarefa de construir e
expandir seu próprio universo, assim como a tarefa única de sua própria
evolução, ou como diriam os adeptos da “falsa luz”, sua própria “redenção”.
Considerando o símbolo dentro da Espiritualidade das Trevas, da Verdadeira Luz,
não podemos admitir que o mesmo represente o homem dominado por seus instintos
grotescos, animais, primitivos e grosseiros. Seria o mesmo que atestarmos nossa
fraqueza diante dos elementos que constituem nosso Ser, elementos que não
negamos e procuramos não refrear em demasia, elementos pesados na balança da
alta Sabedoria e da própria Vida. Na Espiritualidade “Luciferiana” procuramos
estar além da relatividade do Bem e do Mal, além das limitações impostas por
dogmatismos esdrúxulos de Branco e Preto. Nossas cabeças acima dos céus e
nossos pés abaixo dos infernos! O Pentagrama representa o número 5, a união do
2 e do 3, um princípio feminino (2) acrescido de um princípio masculino, fálico
(3). O Homem comum possui 5 sentidos: visão, audição, paladar, olfato e tato.
Há 5 dedos em cada mão. Na antiga astrologia havia 5 planetas errantes. A
décima sephirah é Malkut e seu número místico é 55 (um duplo 5). O 5 é o número
que divide o 10 de maneira perfeita, sendo o 10 o número do Ciclo Eterno. O 5
representa a Essência, o Espírito daquele que incorre nas quatro provas
fundamentais do ocultismo: Querer, Saber, Ousar e Calar. O 5 é o facho luminoso
que se desprende entre os 4 chifres da Divindade, coroando as 4 virtudes do
Homem, a saber: Fé, Inteligência, Força e Sabedoria. O 5 é o valor gemátrico da
letra hebraica Heh, o recipiente e o reprodutor das formas. As armas elementais
são 5: a Espada (Ar), o Pentáculo (Terra), o Bastão (Fogo), o Cálice (Água/Sangue)
e a Lâmpada (Espírito).
O pentagrama era o emblema da escola pitagórica e nele
encontramos a Razão Áurea, como apresentado na figura abaixo:
Dividindo 228,25356 pela somatória de 87,1851 e 53,88336
obtemos 1,618033 (Razão Áurea). Obtemos o mesmo valor dividindo 87,1851 por
53,88336. Não importa a dimensão do pentagrama, se ele for construído
simetricamente, a Razão Áurea estará nele. A Razão Áurea está presente no Homem
Vitruviano de Leonardo Da Vinci; nas linhas imaginárias que ligam nossos dedos;
nas escamas dos peixes; no marfim dos elefantes; no crescimento das plantas; no
Parthenon construído por Phidias. O pentagrama é também o símbolo de Adam
Belial (o Homem Decaído), de Adam Cadmo (o Homem Redimido) e de Adam
Protoplasta (a primeira forma do homem), conceitos qabalísticos que também são
utilizados para representar o Homem que se espelha em determinadas virtudes e
na essência dos caminhos espirituais que “escolheu” seguir ou naqueles em que
ele se “espelha essencialmente”. A ponta inferior do pentagrama “invertido”
representa a queda auto infligida pela própria vontade consciente do Homem para
dentro de seus planos interiores obscuros e ctónicos. Representa a descida aos
mundos inferiores, erroneamente associados à involução espiritual. É também uma
alusão à cauda demoníaca que representa a exacerbada espiritualidade da Luz
através de Kundartiguador, símbolo da Iluminação alcançada pela vitoriosa
exploração e despertar dos chakras (a Kundalini “ao revés”, se preferirem). Um
dos pentagramas mais difundidos foi utilizado e “registrado em cartório” por
Anton S. La Vey, sendo que a Church of Satan possui seus “direitos autorais”.
Trata-se do símbolo de Baphomet, segundo a definição da Bíblia Satânica.
Baphomet, o andrógino incompreendido, “emprestou” seu nome ao pentagrama,
embora sua cabeça não seja necessariamente a cabeça de um bode. A figura
híbrida, imortalizada pela recriação de Eliphas Levi, se tornou uma espécie de
ícone satânico, principalmente pela herança medieval dos Cavaleiros Templários.
Perseguidos pela Igreja, os Cavaleiros foram torturados e queimados por toda a
Europa. Em suas confissões figuravam festins diabólicos presididos por
Baphomet. A cerimônia Templária do beijo obsceno inspirou a imaginação de
centenas de artistas pelo mundo afora e, numa criação de um “deus macaco”,
surgiram estigmas diabólicos e outras imitações bizarras de um deus ainda mais
bizarro. Tradicionalmente, o Osculum Obscenum representaria a fidelidade do
Adepto ao “Demônio”. Em antigas interpretações da cerimônia dizia-se que o
“beijo da obediência” era dado na face mais bela e oculta. Há citações sobre um
rosto escondido que ocuparia o local do ânus, o que justificaria a disposição
para o ato. É um símbolo da admissão do adepto ao interior, ao inferior e ao
heterodoxo.
A cabeça de Baphomet, segundo o desenho de Levi, é formada
por caracteres de animais sagrados em antigas tradições, entre eles estão: o
burro, o bode, o cão, o touro e o homem. Seus chifres representam as virtudes
do Homem. O archote luminoso representa a onisciência auto criada. As mãos
humanas representam o trabalho. Os seios revelam os sinais da criação e da
maternidade. Seu colo está coberto para ocultar os mistérios da criação
universal. De seu manto se ergue um caduceu hermético. O pentagrama em sua
fronte representa a inteligência humana. Baphomet é considerado o guardião da
chave do templo e o lado Obscuro da face divina. Embora a literatura ocultista
possua centenas de interpretações para Baphomet, não há evidências históricas
que possam corroborar a origem do mito, da imagem ou de seu culto. Há muitas
conjecturas e muitas hipóteses relevantes, cabendo somente ao próprio Iniciado
o trabalho de reunir os elementos fundamentais para uma compreensão adequada ou
assimilar as interpretações clássicas daqueles que nos procederam. O bode
representa os instintos carnais exaltados, a licenciosidade, a luxúria, a força
bruta e a persistência, características inerentes, embora não dominantes na
constituição da espiritualidade Luciferiana. Em antigas celebrações judaicas,
na cidade de Mendes, dois bodes eram consagrados, um para representar a pureza
e outro a impureza. O puro era sacrificado e o impuro era posto em liberdade
sob o pretexto da “expiação dos pecados”, esse era o Bode de Mendes. Pode-se
aludir à benção de Caim, que para ser ouvido, derramou o sangue de seu irmão
Abel, sendo depois marcado na fronte para que ninguém o ferisse. Ao redor do
Símbolo de Baphomet tradicional, como o utilizado pela Church of Satan, está
escrito o nome Leviathan em hebraico. O nome Leviathan é citado no Velho
Testamento por 5 vezes, sendo que os primeiros cinco capítulos que o compõe são
chamados de Pentateuco. Segundo a mitologia hebraica e o Zohar, Leviathan foi
criado no 5° dia e ele representa as forças pré-existentes do caos. O valor
gemátrico da palavra Leviathan é 496, o que a torna equivalente à palavra
Malkut, cujo valor gemátrico também é 496. Malkut é a Esfera do planeta Terra e
também sua Alma, local onde “habitamos”. O Zohar diz que Leviathan foi criado
como um monstro marinho. Ele é associado ao Dragão Theli e é o Arqui-Demônio
que melhor representa Malkunofat, o 23° kala ou Túnel de Set (2+3=5).
Malkunofat é conhecido como a morada dos Profundos, identificados com os deuses
e demônios ctónicos.
Na antiga mitologia hebraica, Leviathan está associado aos
peixes marinhos da mesma forma que Behemoth é associado aos animais terrestres.
A palavra e a letra hebraica “Num” significam peixe e “Mem” as águas do oceano.
O peixe nada coberto pelas águas do mundo oculto. A água é também o sangue, o
elemento que compõe oceanos fluídicos para a exploração dos Túneis de Set.
Concluímos então que a ponta inferior do pentagrama também representa essa
jornada de queda auto infligida, rumo às regiões do submundo, do inconsciente e
das profundezas abissais dos oceanos fluídicos. Uma das tarefas primordiais e
primárias do Iniciado é a conquista do plano material associado à Malkut. O
indivíduo deve se tornar mestre de seu redor e de si mesmo antes de se lançar
abruptamente nos caminhos da magia e da espiritualidade das Trevas, da
Verdadeira Luz. Como alguém poderia querer dominar a energia, as forças da natureza
e a tenebrosa Sombra sem antes compreender e dominar as forças que atuam em si
mesmo? Os rituais do pentagrama costumam ser a maneira mais difundida para
ajudar o Iniciado a compreender e a dominar os elementos fundamentais
“presentes” em Malkut. Aleister Crowley atribuía significado especial ao ritual
do pentagrama menor, sobre o qual escreveu: “Aqueles que consideram esse ritual
como um mero artifício para invocar ou banir espíritos não são merecedores de
possuí-lo. Propriamente entendido, ele é a Medicina dos Metais e a Pedra do
Sábio.”.
Tanto no ritual do pentagrama menor tradicional, quanto no
Rubi Estrela, o Iniciado representa um papel associado ao quinto elemento do
ritual. O praticante “porta” a Quintessência e está no centro de uma cruz. As
invocações são dirigidas aos quadrantes, que por sua vez estão associadas às
inteligências invocadas, aos pontos cardeais, aos quatro elementos, às quatro
provas da Iniciação, e etc. Interpretando qabalisticamente temos a cruz (4) + o
Praticante (1) que formam o 5. Sob uma segunda interpretação temos a cruz (4) +
o Microcosmo (5) e temos o 9, o número do Iniciado. A cruz pode ser vista como
10, pois 1+2+3+4=10, sendo 10 o número de Malkut, a esfera da Terra e dos 4
elementos. O duplo 5 forma o número místico de Malkut (55) que é também a
resultante da soma de 1+2+3+4+5+6+7+8+9+10=55. Já vimos que o valor gemátrico
das palavras Malkut e Leviathan é 496. Se reduzirmos o número qabalisticamente
teremos 4+9+6=19, o mesmo valor da soma do 10 (cruz) com o 9 (número do
Iniciado). Reduzindo o 19 temos 1+9=10. O arcano maior de número V do tarot de
Thoth é o Hierofante. Essa carta é associada à letra hebraica Vau que significa
Prego. 9 pregos prendem o oriel que está atrás do Hierofante na carta. O valor
gemátrico de Vau é 6, portanto 9x6=54, reduzindo o 54 temos 5+4=9, o número do
Iniciado. O Hierofante está no centro da carta (1) e nos cantos estão as 4
figuras que representam os Querubins associadas ao Leão, ao Touro, ao Homem e à
Águia. Essa carta representa o signo de Touro, que por sua vez é regido por
Vênus. No oriel fixo por detrás do Hierofante vemos a rosa de cinco pétalas
desabrochada circundada pela serpente. Quando adicionamos a letra Shin ao
vocábulo Yehovah (YHVH – tetragrama) formamos o pentagrama Yeheshuah (YHShVH)
que simboliza o espírito sobre a matéria. Lembramos ao leitor que as operações
qabalísticas não se resumem somente aos conceitos difundidos pelas principais
escolas de esoterismo e pelos ocultistas mais célebres. As mesmas operações se
expandem e são aplicadas na Qabalah das Qliphoth, nas tradições Draconianas e
Tifonianas e nos círculos mais restritos dos praticantes de Kishuph e
Nefashuth. Através dos ensinamentos dessas escolas e dos célebres magistas que
nos procederam, podemos ingressar numa esfera de conhecimentos “negros” que nos
foi omitida pela literatura ocultista ocidental. A seqüência de operações
qabalísticas que podem ser empreendidas é praticamente indefinida, sendo que
cada Iniciado deveria fazer suas próprias incursões para tentar entender mais o
que o pentagrama pode fornecer sob a luz da Qabalah. Em alguns ramos da
bruxaria, o pentagrama com uma ponta voltada para cima representa a Grande
Deusa ou a Grande Mãe, já o pentagrama “invertido” representa o deus Chifrudo.
Dependendo do ramo e da tradição, o deus pode ser associado ao grego Pã ou ao
celta Cernunnos, divindade que em algumas representações possuía 4 chifres
iluminados por um archote central parecido com o de Baphomet. O número cinco
também pode ser visto, apreendido, na figura da pirâmide quadrangular: ela
possui cinco lados e cinco vértices.
Finis
As associações apresentadas acima estão longe de estarem
completas, mas são suficientes para demonstrar que um símbolo pode representar
muito mais do que um indivíduo comum é capaz de imaginar. Nas antigas escolas
de mistérios e em alguns círculos contemporâneos de Adeptos, o estudo e a
reflexão sobre os símbolos mágickos são tarefas recorrentes e incentivadas. A
simples meditação sobre um determinado símbolo pode nos fazer entende-lo, mesmo
que não conheçamos suas origens. O conhecimento sobre religiões, qabalah,
astrologia, sistemas mágickos, tradições iniciáticas, filosofia e matemática
nos ajuda a obter estrutura suficiente para começarmos a entender além daquilo
que nossos olhos enxergam, pois os símbolos não são meros adornos nos pescoços
e nos altares dos magistas. Nada é, em essência, somente aquilo que parece ser.
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