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sexta-feira, 29 de maio de 2015

Corpo, Alma e Espírito

CORPO, ALMA E ESPÍRITO

A Gnose afirma que o homem é formado por três substâncias, por três
elementos: o corpo, a alma e o Espírito. Vimos que o corpo e a alma foram
criados por um deus criador. Criou o corpo de barro e o dotou de uma alma,
mediante um sopro sobre o nariz do homem. Tanto o corpo como a alma
foram criados pelo demiurgo ou deus criador.
Porém existe outro elemento no homem que é não-criado, que não foi
criado pelo deus criador. Um elemento que provém de outro mundo, de outro
reino, do reino incognoscível da anti-matéria, que em nosso estado habitual
não podemos sequer imaginar. Esta centelha anti-material, sem a qual
nenhum ser humano pudera evoluir até chegar a ser o que é agora, é o
Espírito. Sem Ele, nenhum ser humano teria se diferenciado jamais de um
animal comum. Esta centelha especial, não-criada, divina, proveniente do
reino incognoscível, é denominada Espírito pelos gnósticos.
Segundo a Gnose, este Espírito, que não pertence a este mundo, fora
atraído e encadeado à matéria infernal, pra ser utilizado, para ser usado como
um agente impulsionador da evolução material. Foi-se preso em cada homem
uma centelha não-criada, para por em marcha todo esse processo
evolucionário que está dentro dos planos do deus criador. Utilizam-se
Espíritos divinos para impulsionar a evolução deste plano de matéria impura.
O Espírito, totalmente anti-material, está preso, encadeado, aprisionado
neste inferno, sofrendo um tormento, que para nós não é possível imaginar.
É esta uma das torturas mais cruéis que podem existir, estar amarrado a este
mundo infernal da matéria, a esse engendro criado ao qual chamamos de
corpo-alma do homem, o qual tem sua razão de ser dentro do Grande Plano
do deus criador. O Espírito se encontra encadeado contra a sua vontade e é
utilizado em cada ser humano para impulsionar a evolução, para o
cumprimento dos planos do deus criador. É um terrível tormento para o
Espírito: aprisionado contra sua vontade, num mundo estranho e impuro,
sendo usado como objeto descartável para o cumprimento de um plano
demencial. Veremos este ponto com mais detalhes mais a frente.
Em outras palavras, o Espírito, a centelha anti-matéria não-criada,
proveniente do reino incognoscível, está preso dentro de uma bolha, podemos
dizer assim, de matéria criada e está ali encadeado, crucificado na matéria.
Sustentam os Gnósticos que se não fosse pela utilização do Espírito, o
homem nunca teria deixado de ser hominídea. Nunca teria evoluído como
fez. Vemos com que rapidez, em poucos milhares de anos evoluiu de forma
acelerada, tão diferente dos milhões de anos que viveu sendo pouco mais de
um “boneco”.
Tal é o poder que provêm do Espírito a este engendro criado, chamado
corpo-alma. Este Espírito está atado à alma, se o homem morrer, se retirará
a alma e se levará consigo o Espírito atado a ela. Não está atado ao corpo,
está comunicado ao corpo, através da alma, seu encadeamento é com a alma.
A alma é um sopro do deus criador sobre o homem, que o converte em “alma
vivente”. A alma é o anímico no ser humano, não é algo imensamente
superior ou infinito, como é o Espírito não-criado.
Sobre estes temas existe muita confusão, por isso, através desta descrição
das idéias Gnósticas, estamos mostrando uma postura diferente das habituais,
para que cada um tenha ao menos a opção de poder eleger, escolher algo que
seja realmente diferente do resto.
O Espírito está neste mundo, porém não pertence a este mundo. Não
pertence a este mundo ilusório de matéria e tempo.
Podemos deduzir que se esta centelha de fogo anti-matéria, o Espírito,
pudesse libertar-se de sua prisão, seu comportamento neste mundo seria de
uma imensa agressividade. Primeiro, porque é anti-matéria, desestabiliza a
matéria. Segundo, porque foi enganado de forma infame e encadeado contra
sua vontade durante milhões de anos. Logicamente que, num nível abstrato
de raciocínio, se esse Espírito pudesse libertar-se, a primeira coisa que faria
seria destruir. Destruir tudo que o rodeia neste mundo impuro, neste mundo
criado, neste universo material do deus criador. Não se trataria de maldade,
seria um comportamento normal de alguém que estivesse confinado em uma
prisão, injustamente e contra sua vontade. Enganado e contra sua vontade,
dizem os Gnósticos. Aprisionado num mundo ao qual não pertence, em um
mundo satânico de matéria e tempo.
Um dado interessante é que, no começo do cristianismo, se afirmava a
existência destas três entidades no homem: corpo, alma e Espírito. São Paulo,
por exemplo, aceitava isso. São Agostinho também. Logo isso foi se
perdendo, através dos concílios e decisões papais da igreja de Roma. Acabou
como hoje conhecemos: corpo e alma. Agora parece que a alma é o divino
no homem e não existe nada mais. O que aconteceu com o Espírito?
Desapareceu. Chama a atenção que tenha ocorrido as coisas assim. 

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