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domingo, 31 de maio de 2015

Introdução a Kabbalah

Cabala é a tradição oculta ou esotérica dos Hebreus. Conforme afirmam
os rabinos, Enoque a ensinou ao patriarca Abraão e este a transmitiu oralmente a seus filhos e netos. Os livros fundamentais em que se acha exposta, são os livros de Moisés (Sepher Mosheh, o Pentateuco).
O grande libertador dos israelitas, que tinha penetrado no Santuário do
Egito e fora iniciado nos Mistérios, escreveu os seus livros em estilo simbólico, servindo-se da língua egípcia. Esta língua, porém, que havia chegado ao mais alto grau de perfeição, não pôde conservar-se em sua pureza nas mãos de um povo grosseiro, que passava a vida nômade nos desertos da íduméia.
Moisés o sabia e, por isso, prevendo a sorte que aguardava o seu livro e
as falsas interpretações que se lhe iam dar no decorrer dos tempos, confiou as chaves da sua obra a homens seguros, cuja fidelidade tinha sido comprovada, dando-lhes de viva voz os esclarecimentos necessários para a compreensão da Lei (Thorah).
Os discípulos de Moisés confiaram esses ensinos secretos a outros
homens que, transmitindo-os, por sua vez, de geração em geração, fizeram com que chegassem à posteridade mais longínqua. Esta doutrina esotérica, que os rabinos afirmam se conservou pura até nossos dias, é a CABALA.
Na época em que vivia Moisés, o templo de Tebas (capital do reino)
continha os arquivos sacerdotais da extinta raça vermelha ou atlântica e os da Igreja de Ram, cuja sede era na índia.
Moisés foi iniciado em todas essas ciências; e, além disso, colheu os
mistérios mais puros da raça negra no templo de Jetro, que foi o último sobrevivente dos hierofantes desta raça. Assim, a tradição oral que o célebre legislador deixou aos setenta eleitos, continha os pontos essenciais de todas as tradições ocultas que haviam aparecido no globo terrestre.
É admitido pelos ocultistas que os livros de Moisés foram escritos em caracteres Vattam, e que, mais tarde (no século VI antes de Cristo), Esdras os substituiu pelos caracteres hebraicos quadrados, em que os achamos escritos atualmente.
Moisés entregou a Josué as chaves da tradição oral; mas não foi nas
mãos da tribo sacerdotal de Levi que se conservaram, mas sim nas comunidades leigas de profetas e videntes, das quais a mais notável foi a seita dos Essênios.
Para conservar-se inalterado o texto dos Livros Sagrados, eram os seus
leitores e copiadores obrigados a observar certas regras fixas sobre a maneira de ler e escrever, as quais constituíam uma parte da tradição — e chamavam-se Massorah.
Os livros de Moisés eram lidos publicamente ao povo, todos os sábados,
na sinagoga; os comentários que se lhes fazia eram., a princípio, orais, porém mais tarde foram escritos, e assim se formou uma literatura escolástica, conhecida sob o nome de Thalmud, que consta de quatro partes:
1) Mishnah, ou Tradição primitiva de Moisés e dos grandes profetas,
tratando das sementes, das festas, do matrimônio, dos processos, das oferendas sagra das e das purificações.
2) Ghemarah, um verdadeiro compêndio de jurisprudência.
3) Midrashim e Targumim, comentários e paráfrases.
4) Thosiphthah, suplementos.
Assim como a Massorah forma o corpo da Tradição, tratando de tudo o
que se refere à parte material da Bíblia, o Tálmude representa a vida, por ser o seu objetivo a jurisprudência, os costumes, as cerimônias e as relações sociais.
A Cabala ou Doutrina Secreta, porém, é a alma ou o espírito da Tradição; é a sua parte religiosa e filosófica.

DIVISÃO DA CABALA

O ensinamento tradicional na Antigüidade era trino; isto é, ao mesmo
tempo histórico, moral e místico, de maneira que as Escrituras Sagradas contêm um triplo sentido, a saber: o literal, histórico (pashut), que corresponde ao corpo e ao átrio do Templo; o moral (derush), que se dirige à alma e pertence ao Lugar Santo do Templo; e o místico (sod), que representa o Espírito e o Santíssimo.
Começando com Esdras, a interpretação dos textos sagrados tornou-se quádrupla, porque entre o sentido literal e o moral incluía-se o sentido alegórico (remmez).
O sentido místico encontra-se na Cabala, que se divide em teórica e prática.
I — CABALA TEÓRICA
Esta parte contém as tradições patriarcais sobre o santo mistério da
Divindade; sobre a criação espiritual e a queda dos anjos; sobre a origem dos caos e da matéria, e sobre a renovação do mundo nos sete dias da criação; sobre a criação do homem visível, sua queda e os caminhos divinos que conduzem à sua reintegração. Em outras palavras, a Cabala teórica trata:
1) da obra da criação — (Maasseh Bereshit).
2) da essência divina e seus modos de manifestação, a que os cabalistas dão o nome de Carro Celeste (Merkabah).
A obra da criação é descrita no Sepher letsirah (Livro da Formação), que
explica a formação de todos os entes e de todas as coisas, e trata dos 32 Caminhos da Sabedoria e das 50 Portas da Inteligência.
A descrição do "Carro Celeste" é contida no Sepher-ha-Zohar ou Livro do Esplendor, que trata dos atributos da Divindade (as dez Sephiroth), dos quatro mundos, do bem e do mal, da alma humana e da salvação final.
Este livro foi escrito por Simeão ben Jochai, por ordem vinda de cima,
quando a tradição oral não podia mais perpetuar-se no meio da dispersão do povo israelita.
Os cabalistas cristãos ajuntam a estas duas obras principais (Sepher
letsirah e Zohar) ainda o Apocalipse de S. João, que desvenda as realizações da Ciência no campo do Amor e da Caridade.
Todas as três, porém, têm por base a Cosmogonia de Moisés (Sepher Bereshit ou Gênese).
II — CABALA PRÁTICA
A parte prática ou mágica da Cabala ainda é pouco conhecida,, porque se conserva secreta, sendo apenas indicada em alguns raros manuscritos, conhecidos sob o nome de Clavículas de Salomão.
A Cabala prática explica o sentido espiritual da Lei, prescreve o modo de
purificação que assimila a alma à Divindade e ensina a meditação sobre os símbolos e nomes sagrados, como o meio de agir nas esferas visível e invisível. Para este fim, estuda a semântica das letras hebraicas, trata de várias transposições de letras que constituem palavras e das operações teosóficas de adição e redução dos números correspondentes às letras.
A obra mais importante que serve de chave a estas operações é o Taro,
livro hieroglífico e numeral, que consta de 22 folhas e que os Boêmios nômades possuem ainda hoje. O Taro é o pai de todos os nossos jogos de cartas; as cartas espanholas conservam os principais signos do Taro primitivo.
Os Taros mais antigos eram medalhas, das quais mais tarde se fizeram talismãs.
As Clavículas de Salomão compõem-se de 36 talismãs com 72 figuras análogas do Taro.

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